sábado, junho 09, 2012

VERDADE OU MITO?


Olá amigas queridas do Elas São Des, um carinho para todas.

Hoje no nosso encontro vamos apreciar o artigo de Renata Losso, especial para o iG São Paulo, sobre o mito dos pais perfeitos.

A autora indaga: educar os filhos ficou mais difícil? Especialistas discutem as diferenças de criar uma criança no mundo de hoje.

Vamos aos detalhes.

Com tantas mudanças no mundo ao longo das últimas décadas, da entrada massiva da mulher no mercado de trabalho aos avanços da tecnologia, a família com papéis previamente determinados – o “pai-provedor” e a “mãe-cuidadora” – perdeu seu lugar, assim como a posição invariavelmente autoritária (e não de autoridade) dos pais diante dos filhos.

De acordo com a psicóloga e psicopedagoga Elizabeth Monteiro, autora do livro “Criando Filhos em Tempos Difíceis – Atitudes e Brincadeiras para uma Infância Feliz” (Editora Mercuryo), os pais ficaram um pouco perdidos diante deste cenário. “Aquilo que servia deixou de servir, mas um novo papel não foi encontrado para ser reposto”. E assim começou a dificuldade dos pais.

Caio Feijó é psicólogo e autor do livro “Pais Competentes, Filhos Brilhantes – Os Maiores Erros dos Pais na Educação dos Filhos e os Sete Princípios Fundamentais para Prevenir essas Falhas” (Novo Século Editora). Para ele, o sistema familiar atual se tornou horizontal: o pai não está mais no topo da pirâmide e, agora, quem tiver mais sentimento de culpa se submeterá a quem se colocar como vítima. É nesta hora que os filhos dominam os pais.

Muitas crianças passam boa parte do dia com babás, na escolinha ou com outro parente. Os pais, trabalhando muito e passando pouco tempo com os filhos, caem na armadilha da permissividade e deixam de estabelecer limites como uma forma de barganha.

Falta de limites e insegurança

Trabalhar e dar a devida atenção aos filhos é possível, embora difícil. Mas se os pais ainda não sabem exatamente o que fazer, o cenário se complica. Segundo a psicóloga infantil especialista em família Pat Spungin, da Inglaterra, a autoridade dos pais também enfraqueceu ao longo do tempo e eles ficaram relutantes em dizer “não” às crianças por não se sentirem seguros de seus papéis como pais.

“Cinquenta anos atrás não se pensava em que tipo de pai se era, os filhos apenas eram tratados da mesma maneira com que os pais tinham sido criados. Hoje eles se sentem julgados e inseguros sobre como devem se comportar, já que ser pai é um papel em que algumas pessoas são boas e outras não”, diz. Se unirmos essa característica à facilidade de acesso à informação que a criança tem atualmente, já podemos ver os riscos dobrando a esquina.

Para a britânica, hoje em dia as crianças estão mais expostas às drogas e começam a beber por volta dos 14 anos. Muitas vezes, ainda, se sentem pressionadas a fazerem sexo antes mesmo de se sentirem prontas. Do outro lado, muitos pais não sabem falar sobre estes assuntos com os filhos.

Três gerações

Maura Luisa Renoldi Fernandes, de 45 anos, é mãe de Maria Eduarda, de 13 anos. Quando a escola pediu à menina que lesse um livro sobre uma garota contaminada pelo vírus da AIDS, Maura ficou chocada: “Acho que estão agredindo a ingenuidade das crianças e tirando-a delas”.

A mãe de Maura, Norma Aparecida Renoldi Fernandes, de 65 anos, mora com a filha e participa ativamente da criação da neta. Para ela, à filha foi possível aprender muito mais dentro de casa do que fora – diferentemente da neta, que recebe tanta informação de fora. Por isso, avó e mãe acabam sentindo a necessidade de multiplicar as conversas sobre assuntos mais complicados.

Para a psicóloga especialista em crianças e adolescentes, Ceres Alves de Araújo, Maura é uma mulher de sorte. Ter a avó como fonte de referência para criar os filhos, hoje em dia, é raro. “Muitos pais aprenderam a cuidar dos filhos com as próprias mães, mas hoje não é mais tão possível”, diz Ceres, que também é autora do livro “Pais que Educam – Uma Aventura Inesquecível” (Editora Gente). As avós muitas vezes ainda estão no mercado de trabalho e, além disso, muitas famílias se distanciaram.

O isolamento pode ser prejudicial para a aquisição de valores. Elizabeth Monteiro observa, em seu consultório, que muitas famílias só se reúnem no Natal. “Antigamente os avós, os tios, os primos, as cunhadas, todo mundo se ajudava. Hoje as crianças crescem em uma família fechada, olhando para o próprio umbigo. Faz um mal danado”.

Cada um no seu quadrado

De acordo com Pat Spungin, não é apenas o trabalho dos pais que dificulta a criação e o vínculo com as crianças. “Muitas vezes as crianças estão escolhendo atividades que os mantêm longe dos pais e, mesmo em casa, ficam no computador, no videogame ou na televisão”, diz. Quando não há limites ou postura crítica, a tecnologia serve de porta de entrada para o consumismo infantil e para o ideal utópico da perfeição.

Buscar o modelo do pai ou da mãe ideal na casa do vizinho ou na mídia só vai deixar os pais mais perdidos. O mundo não é perfeito e não poderia ser diferente com você. Em vez de tentar ser um pai ou uma mãe perfeita, portanto, o melhor é ter como meta ser “bom o suficiente” e encarar a tarefa com responsabilidade, mas mais tranquilamente. “Não existe uma maneira perfeita para se criar um filho. Cada forma é diferente e o que funciona com um pode não funcionar com outro”, diz Pat Spungin.

Trabalhar o triplo para dar à criança o tênis da moda não vai levar a nenhum benefício de longo prazo: é preciso estar atento ao que realmente essa criança precisa e requer. Para a britânica, isso acaba sempre se resumindo a amor, limites e liberdade para serem elas mesmas – e não um produto de seus pais.

Um sábado maravilhoso para todas e até amanhã com muito carinho.

Elas São Des

Por

Iris de Queiroz

Projetos Sociais

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