Olá amigas queridas da
Ramep, bom Natal para vocês.
Hoje o assunto para a
nossa reflexão é um texto de Raquel Paulino - especial para o iG São Paulo,
onde se questiona até que ponto os pais devem interferir quando o adolescente
quer trabalhar?
A autora afirma que os adultos
têm obrigação de analisar, além das exigências legais para a entrada no mercado
de trabalho, as condições do ambiente e da vaga pela qual o filho demonstra
interesse.
Vamos ver mais detalhes.
Por perceber que a família
precisa de ajuda financeira ou por buscar novos desafios e um início de
independência, muitos adolescentes decidem que querem trabalhar enquanto cursam
o Ensino Médio. Alguns pais acham ótimo e incentivam os filhos, outros
consideram que é muito cedo e proíbem. Há também o grupo que aceita, mesmo não
gostando muito da ideia.
Independentemente da
opinião dos adultos da casa, existem limitações legais para o trabalho
realizado por adolescentes – a legislação brasileira segue as normas da
Organização Internacional do Trabalho. Dos 14 aos 16 anos, eles podem apenas
ser aprendizes, e isso se estiverem matriculados em cursos profissionalizantes.
Entre 16 e 17 anos, podem ter carteira de trabalho e ser registrados, mas com
autorização e supervisão dos pais ou responsáveis.
“Os pais ou responsáveis
precisam autorizar a emissão da carteira de trabalho e assinar o contrato em
conjunto com o menor. Também têm obrigação de vetar o trabalho caso seja
insalubre – que expõe a substâncias nocivas à saúde –, perigoso – que coloque a
vida em risco – ou em horário noturno – das 22h às 5h. Outra responsabilidade
dos adultos é não permitir que os filhos assumam trabalhos que prejudiquem a
moral, saúde ou escolaridade”, lista a advogada Carla Romar, professora de
direito do trabalho na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Carla explica que “por uma
brecha da lei que permite trabalhos culturais e artísticos mediante a
autorização de um juiz da infância e da juventude, atores mirins, modelos e
atletas conseguem trabalhar antes dos 16 anos, desde que os compromissos sejam
esporádicos e não atrapalhem os estudos”.
Se ocorrer de o menor trabalhar
sem registro ou em condições inadequadas, as punições recaem sobre o empregador
e incluem multas administrativas do Ministério do Trabalho, autuação do
Ministério Público do Trabalho e ações da Justiça do Trabalho.
Cada casa é um caso
Na área de eventos há 13
anos, a empresária Ana Lidia Enninger ficou feliz quando Gabriel, hoje com 16
anos, começou a manifestar vontade de trabalhar no mesmo ramo. “Ele estava com
15 e queria produzir, fazer mais do que a escola oferecia. Quando completou 16,
começou a ser auxiliar de produção de eventos na minha empresa. Agora se
matriculou em um curso na área e está fazendo estágio para conhecer todos os
departamentos”, conta.
Para ela, o filho só está
ganhando com essa vivência. “Não concordo com quem diz que trabalhar com essa
idade signifique perder a adolescência. Ele é de uma geração que sempre quer
saber mais, e trabalhando consegue ter acesso a muita informação. Acho que os
adolescentes têm que se preparar para a vida, começar a fazer algo de que
gostem e que sirva para, quem sabe, direcionar o futuro profissional”, opina.
Outra vantagem que Ana
nota – e da qual se orgulha muito – é o amadurecimento que Gabriel vem
demonstrando com o passar dos meses: “Ele nunca me chamou de mãe no trabalho.
Não combinamos isso, partiu dele. A postura é outra. Vejo que ele está mais
maduro”.
Especialistas afirmam que
trabalhar traz mais benefícios do que prejuízos para o adolescente
Apoio familiar
Na opinião de psicólogos,
o adolescente que quer trabalhar precisa, antes de tudo, encontrar nos adultos
um porto seguro para ser orientado. “Os pais devem falar o que pensam, contra
ou a favor, e principalmente ajudar o filho a ver a realidade no longo prazo. É
uma dificuldade típica do adolescente não pensar adiante, só se preocupar com o
agora”, diz o psicólogo Fabiano Fonseca da Silva, professor de orientação
profissional da Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutor em psicologia
social e do trabalho pela Universidade de São Paulo (USP). “Tem que perguntar
como ele pretende conciliar estudos e trabalho, se tem um plano para isso. Ele
deve ser avisado que, quando começar a trabalhar, terá mais responsabilidades”.
Simone de Godoy, psicóloga
do setor de gerenciamento de estresse e qualidade de vida da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), destaca que este é o momento, inclusive, de os
pais auxiliarem o jovem a encontrar um caminho que tenha a ver com o que ele
planeja para o futuro, não apenas uma forma de ganhar dinheiro. “Adolescentes
que já tenham alguma ideia da carreira que querem seguir podem procurar algo
nessa área, para ver se é isso mesmo e também para abrir uma porta no meio
específico”, sugere.
Proibir o ingresso no
mercado de trabalho não é uma saída vista com bons olhos pelos especialistas.
“Se o filho teve essa iniciativa, o apoio dos pais é essencial. Não podem
esquecer que ele logo será um adulto que tomará suas próprias decisões. Então,
que seja bem amparado nas primeiras”, diz Simone. Fabiano complementa: “O
adolescente tem que ser o sujeito da sua vida e ter um grau relativo de
autonomia”.
Com uma visão discordante
dos especialistas, a gerente de varejo Célia Tavares, mãe de Breno, hoje com 23
anos, resolveu que era cedo para o filho ingressar no mercado de trabalho
quando ele completou 16 anos e expressou o desejo de trabalhar como vendedor em
uma loja de shopping para ter algum dinheiro próprio.
“Precisei trabalhar desde
muito nova para ajudar meus pais e não gostava nem um pouco disso. Meu marido e
eu batalhamos muito para proporcionar ao nosso filho um padrão de vida melhor
do que o que tivemos, então não achei certo ele trabalhar tão cedo sem
necessidade”, afirma. Ela faz questão de ressaltar que conversou com o rapaz
para explicar sua posição. “Ele acabou entendendo e me dando razão”.
Célia considera que existe
“uma ordem natural das coisas”, e respira aliviada por ter garantido que o
filho a seguisse. “Agora ele está acabando a faculdade de economia. Fez
estágios e conseguiu aproveitar o curso, as festas, as atividades. No ano que
vem, formado, vai poder entrar no mercado de trabalho e se dedicar por inteiro
à profissão. Não vejo por que apressar o processo”, pondera.
Mais ganhos do que perdas
Para os pais que pensam
como Célia, tanto Fabiano Fonseca da Silva quanto Simone de Godoy explicam que
trabalhar traz mais benefícios do que prejuízos para o adolescente e que não
existe um “momento ideal” para querer assumir esse compromisso, já que estamos
falando de indivíduos com características próprias – alguns terão vontade de
trabalhar bem cedo, outros não.
“O contato com o trabalho
dá a ele um contexto de realidade social, de conhecer o outro, torna suas
relações mais concretas e mais completas. O jovem que trabalha tem uma visão
mais real da vida e do mundo”, argumenta Fabiano. Mas nada de querer obrigar o
adolescente a trabalhar para que ele amadureça na marra. “Não funciona”, alerta
Simone.
Entre possíveis perdas
para quem começa a trabalhar na adolescência, eles citam o prejuízo em
atividades físicas que poderiam ser feitas fora do horário de aula e, se
trabalhar demais, o declínio no aproveitamento escolar. Por isso, Simone
recomenda: “Os pais devem ficar atentos e garantir que o filho não seja
prejudicado. Devem conhecer o local onde será o trabalho e, se o considerarem
inadequado, vetar e auxiliar na procura por uma colocação mais apropriada para
a idade”.
Se depois de tudo isso o
adolescente decidir que trabalhar não era bem o sonho dourado que ele tinha,
mais uma vez os pais devem ser compreensivos e dar apoio ao filho. “É a hora de
explicar que frustrações acontecem na vida, e principalmente no ambiente de trabalho.
De certa forma, é até bom, para ele entender que nem tudo é como ele quer e que
ele tem que aprender a lidar com isso. E que isso poderá acontecer de novo ao
longo da vida, e não será fugindo de um emprego para outro que ele viverá em um
mundo ideal”, finaliza Simone.
Um grande abraço para
todas as amigas e mães da Ramep com votos de um excelente final de semana.
Ramep
Por
Iris de Queiroz
Projetos Sociais
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