Olá crianças lindas da
Ramep, prosperidade para todas.
Hoje falaremos sobre a Ambição:
qualidade ou defeito.
O crédito é de M. de
MulherEugenio Mussak conteúdo Vida Simples.
Na oportunidade o autor
questiona: Ser ambicioso é, afinal, bom ou ruim? Isso depende essencialmente do
tipo de ambição que cada um de nós alimenta.
Vejamos o que ele diz:
Há predicados que são
obviamente elogiosos, enquanto outros são depreciativos. Dizer que alguém é
culto ou boa gente equivale a elogiar. Já chamar alguém de arrogante, burro ou
vulgar não deixa dúvidas sobre o baixo conceito que temos desse indivíduo. E
quando se é classificado como ambicioso? Isso é um elogio ou uma crítica?
Recentemente deparei com
uma discussão acalorada com um grupo de executivos durante um workshop, em que
se procurava definir os atributos da liderança e do empreendedorismo.
Não há grandes líderes
que não sejam ambiciosos - disse um jovem.
Os mais ambiciosos são os
empreendedores, que transformam ideias em projetos - retrucou outro candidato a
milionário.
O assunto rendeu e as
conclusões, afinal, foram esclarecedoras. A primeira foi que sem ambição o ser
humano ainda estaria morando nas cavernas. Foi por desejar uma vida melhor,
mais segura, que nosso ancestral botou seu recém-surgido córtex pré-frontal
para imaginar novas possibilidades e seu polegar opositor para fazer as coisas
funcionarem como ele desejava.
A criatividade e o
trabalho, vistos dessa forma, são instrumentos a serviço da ambição humana e,
como tal, podem ser bem ou mal usados. Destreza é uma questão de treino, mas
iniciativa depende da vontade, e esta varia tanto entre as pessoas quanto a cor
do cabelo ou a predisposição para engordar.
Tem de tudo.
A segunda conclusão foi
que, assim como a intensidade da ambição varia entre as pessoas, também varia o
tipo. Sim, há mais de um tipo de ambição, e justamente essas características é
que teriam influência sobre a postura da pessoa e até sobre o trabalho ou a
posição para a qual ela está mais indicada na empresa e na sociedade em geral.
A ambição e seus tipos
O comum é que se atribua
ao ambicioso o forte desejo de ganhar dinheiro e, apesar de não haver nada de
errado com isso, foi dessa visão limitada que nasceu a dúvida se ambição é uma
qualidade ou um defeito. Em 1904, o sociólogo alemão Max Weber escreveu um
extenso artigo intitulado "A ética protestante". No ano seguinte
publicou outro, em continuação, chamado "O espírito do capitalismo".
Anos depois, a junção das duas reflexões e dos dois títulos deu origem a sua
obra mais conhecida, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
Ao tentar entender as
causas do enriquecimento de algumas nações, como a Inglaterra e a Alemanha, e a
estagnação econômica e social de outras, Weber identificou, entre outras, a
maneira como a religião reinante interpreta o enriquecimento pessoal. Suas
observações mostraram que os países de predomínio do catolicismo aceitavam a
ética da humildade como sinônimo de pobreza. Para eles, ganhar dinheiro era
pecaminoso, não agradava a Deus. Já os protestantes, especialmente os
calvinistas, aceitaram que ganhar dinheiro com o trabalho duro é uma forma de
seguir os ensinamentos divinos. Para eles, as habilidades humanas, como a arte
e o comércio, são dádivas divinas que devem ser estimuladas e valorizadas. E
bem pagas, claro.
Ainda que esta não seja a
única causa do enriquecimento, a não pecaminização do dinheiro contribuiu para
o desenvolvimento dessas nações durante os séculos 19 e 20. Olhando mais de
perto, vamos verificar que a ambição produz riqueza e, quando bem conduzida,
produz desenvolvimento. Para isso, temos que entender que há mais de um tipo de
ambição e que a combinação deles pavimenta o melhor caminho.
Ter
Esta é a ambição clássica,
a de ambicionar dinheiro e bens materiais e que é, com frequência, confundida
com ambição propriamente dita. Apesar de não haver erro algum em querer ganhar
dinheiro, possuir bens, gostar de luxos, esse tipo de ambição, quando não
compensada por bons atributos morais, corre o risco de deslizar para a vala
lamacenta da vulgaridade. O erro, em resumo, estaria em se limitar a ambição a
essa primeira categoria.
Ser
Esta, na discussão com os
jovens executivos, foi classificada como a "ambição dos grandes homens",
aqueles que desejam deixar uma imagem positiva. Afinal, como você quer ser
visto por seus filhos, amigos e, principalmente, por você mesmo quando se olha
no espelho da consciência?
Há quem deseje ser
reconhecido por sua elegância, outros por sua cultura, alguns por serem
confiáveis. Todos nos lembramos de alguém que é simpático, agradável, bom,
disponível. E nos aproximamos dele, ao mesmo tempo que evitamos aqueles que
nunca se preocuparam com desenvolver essas qualidades em sua própria personalidade.
A ambição de ser é
subjetiva, está longe de ser tangível como ambicionar ter sua própria empresa
ou um apartamento de luxo. Mas é tão ambição quanto. Em outras palavras, é um
projeto de futuro, que, como todos os demais, merece atenção diária, planejamento,
intenção.
Aprender
Basta uma rápida olhada
sobre o mundo em que vivemos para se perceber a diversidade de opções de
aprendizado. Livros, sites, novas áreas de conhecimento, línguas que podemos
aprender sem sair de casa, poe¬mas antigos e novos, habilidades clássicas e
competências modernas.
Fazer
Conheço pessoas cujo
desejo de realizar é tão forte que se transformaram em dínamos de produção. Em
geral, muito trabalhadores não estão satisfeitos a não ser que estejam
produzindo, criando, inovando. Essa é a ambição dos empreendedores, daqueles
que abrem companhias, conquistam mercados, inventam produtos ou se candidatam a
síndico do prédio e se tornam referências comunitárias. São os fazedores, sem
os quais o mundo estagna.
Transformar
Há muito a mudar no mundo
para que ele venha a ser um bom lugar para se viver. Injustiças, desigualdades,
medos estão ao nosso redor. Mudanças são necessárias em todos os lugares, não
podemos nos acomodar.
Essa é a visão dos que têm
ambição por transformar o mundo, pelo menos a parcela sobre a qual podemos
exercer a influência de nossas ideias e ações. O mundo está em transformação
crescente e tem gente que não se contenta em ser observador, quer ser
protagonista.
O conjunto da obra
Como vimos, ter ambição é
muito mais do que querer ganhar dinheiro. Quando essa é a única ambição, seria
melhor se a chamássemos de ganância. E o mais interessante é que, quando a
ambição se resume ao ter, é mais provável que nunca se realize. Ganhar dinheiro
é consequência.
A conclusão do grupo foi
que a ambição varia em escala e qualidade. Os líderes teriam com maior força a
ambição do ser e a do transformar. Os empreendedores seriam mais ambiciosos em
ter, aprender e fazer. Como em quase tudo, o equilíbrio é sempre o mais desejável.
De qualquer maneira, o
tema ambição deve ser olhado com cuidado, pois, quando a mesma não é
acompanhada por qualidades, pode ser frustrante ou angustiante. Para resumir o
cuidado - principalmente o de não confundir ambição com insatisfação -, lembro
um texto do genial Millôr Fernandes sobre o assunto:
Certo dia uma rica senhora
viu, num antiquário, uma cadeira que era uma beleza. Negra, feita de mogno e
cedro, custava uma fortuna. Era tão bela, que a mulher não titubeou - entrou,
pagou, levou para casa.
A cadeira era tão bonita
que os outros móveis, antes tão lindos, começaram a parecer insuportáveis à
simpática senhora. (Era simpática.) Ela então resolveu vender todos os móveis e
comprar outros que pudessem se equiparar à maravilhosa cadeira. E vendeu-os e
comprou outros.
Mas, então, a casa, que
antes parecia tão bonita, ficou tão bem mobilada que se estabeleceu uma
desarmonia flagrante entre casa e móveis. E a senhora começou a achar a casa
horrível. E vendeu a casa e comprou uma outra maravilhosa.
Mas dentro daquela casa
magnífica, mobilada de maneira esplendorosa, a mulher começou, pouco a pouco, a
achar seu marido mesquinho. E trocou de marido.
Mas mesmo assim não
conseguia ser feliz. Pois naquela casa magnífica, com aqueles móveis admiráveis
e aquele marido fabuloso, todo mundo começou a achá-la extremamente vulgar.
Um beijão no coração de
todas e até amanhã.
Ramep
Por
Iris de Queiroz
Projetos Sociais
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