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Hoje nosso assunto é sobre empreendedorismo feminino, através do texto de Carolina Giovanelli, que mostra a Baiana das Trufas, vendedora Lucidete Jesus que todas as noites vem fazendo sucesso em S. Paulo. Apesar de nem sempre ser recebida pelos baladeiros com simpatia, a moça chega a vender 300 chocolates por noite
Vejam os detalhes
Quem a vê caminhar brejeira, de bata branca e cheia de colares, pode achar que da cestinha de Lucidete Jesus de Sousa, de 26 anos, saem acarajés ou outras delícias soteropolitanas.
Isso até ela ligar seu microfoninho e desandar a cantar versos como “Trufa de chocolate/ Sabor supergostoso/ Recheio muito cremoso/ Casquinha derrete na boca”.
Musiquinhas similares, sempre acompanhadas de coreografias, renderam-lhe o apelido de Baiana das Trufas entre os frequentadores de restaurantes e casas noturnas da cidade.
Apesar de nem sempre ser recebida pelos baladeiros com simpatia — há quem a considere meio “entrona” —, a moça chega a vender 300 chocolates por noite. Seu circuito inclui de restaurantes da Rua Avanhandava, como o Famiglia Mancini, a bares da Praça Roosevelt e do Baixo Augusta.
O expediente começa às 19 horas e termina por volta das 4 da manhã, quando acaba o estoque. Ela mesma prepara os doces, às segundas e terças. “Faço 1 000 unidades em dois dias”, estima. “O preço original de cada uma é 32 000 reais, mas dou desconto e cobro apenas 2 reais ou três bombons por 5 reais”, faz piada.
Nascida em Ubaíra, município de 22 000 habitantes no centro-sul da Bahia, Lucidete mudou-se para São Paulo em 2007. “Sonhava virar comissária de bordo”, conta. Conseguiu emprego como babá, mas não se adaptou.
“Cheguei a passar fome”, lembra, sobre o período em que ficou desempregada. “Foi então que vi uma senhora vendendo trufas.” Após conversar com a mulher, aprendeu a fazer o docinho e, há um ano e meio, virou a Baiana das Trufas. Desde então, conseguiu concluir o curso de comissária, trocou a pensão onde morava por um apartamento alugado e, às vezes, permite-se o conforto de voltar para casa de táxi após a jornada de vendas.
No meio de seus “shows”, arrisca uma enrolação de inglês e chinês para os clientes estrangeiros. “Ainda tenho vontade de trabalhar com aviação ou como atriz”, afirma. “Mas também seria uma boa abrir uma microempresa de chocolates.”
Como a vida só é dura para quem é mole, sempre existe um meio de dar um fim na crise.
Um beijão para todos e até amanhã com muito carinho
Por
Iris de Queiroz
Projetos Sociais
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